Nossa História - Desde 1971

O Final do século XIX marcou um período de grandes mudanças para o bairro da Mooca, que até então era apenas uma ampla área aberta, na zona leste de São Paulo, com propriedades rurais e poucos moradores. Em 1876, com a inauguração do hipódromo, na rua Bresser, surgiram contornos mais urbanos - até uma linha especial de bondes, puxados por tração animal, foi criada pela prefeitura para transportar os frequentadores das corridas de cavalos. O período de maior desenvolvimento, porém , ocorreu na última década do século, com a presença de uma trinca fundamental para a história de São Paulo: os trens, as indústrias e os imigrantes, sobretudo italianos. A linha férrea de São Paulo Railway chegou em 1898, pouco depois da instalação da Cervejaria Bavária, em 1892, e do Cotonifício Crespi, em 1897, que ocupava um prédio de três andares no quarteirão formado pelas ruas dos Trilhos, Taquari, Visconde de Laguna e Javari. Os operários, boa parte deles estrangeira, moravam em casinhas e cortiços próximos das linhas férreas.


Foi esse cenário dinâmico que o descendente de Italianos Ângelo Silveira encontrou quando saiu de Jundiaí e veio para São Paulo, no final da década de 1940, para trabalhar no Cotonifício Crespi. Nos anos seguintes, já casado com Vitória, começou a fazer bicos à noite como pizzaiolo da Romanato, um dos grandes pontos de encontro do bairro - era ali que ocorriam as reuniões da diretoria de um time de futebol nascido em 1924, formado por funcionários do Cotonifício Crespi e que, em 1930, adotaria o nome de Juventus por sugestão do próprio Rodolfo Crespi, dono da fábrica.
Ângelo aprendeu a fazer pizzas com o primo, Rafael, que também dava expediente na Romanato. Em 1966 os dois fundaram a Pizzaria São Pedro, na rua Javari, em um galpão em que antes funcionava uma leiteria. Essa sociedade durou pouco: cinco anos depois Ângelo vendeu um terreno para comprar uma antiga churrascaria, na rua Sapucaia, onde montou o próprio restaurante. Tirando um ou outro funcionário, tudo ali era tocado pela família: o patriarca, Vitória e os filhos do casal - Cláudio, Claudete, Ivone, Euclides e Orivaldo. A Casa abria às 6:00 horas para servir café da manhã, seguia com o almoço e começava a preparar pizzas a partir das 16:00 horas: os sabores oferecidos eram os de Mussarela, Aliche, Portuguesa, Napolitana, Camarão e Atum. Mais tarde veio a de Escarola que Claudete garante ter sido inventada pelo Pai.
Vendo a dificuldade dos Silveira para dar conta de todos os clientes, no começo os vizinhos emprestavam cadeiras, mesas, talheres e pratos. " A Mooca tem esse espírito de grande Família", diz ela. A irmã conta que Cláudio, o administrador da Pizzaria, era muito querido no bairro. Na década de 1980 ele adquiriu as partes dos irmãos e do pai na sociedade e assumiu sozinho o restaurante. Ampliou a área de atendimento, comprando uma oficina mecânica e as casas vizinhas, mas manteve uma tradição: além de servir pizzas inteiras nas mesas, vendia também em pedaços, no balcão.
Com a morte precoce de Cláudio em 1987, a viúva Marinês assumiu os negócios juntamente com José Vieira - funcionário e amigo de Cláudio na época e, desde 2008, a responsabilidade da tradição passou para Thiago Silveira, o filho mais novo do casal e para sua esposa Bruna. Algumas das 41 versões de pizza do cardápio levam a assinatura de Thiago Silveira: a premiada Pizza Mooca , Pizza Ângelo, Pizza Maravilha e entre outras. Bruna e Thiago Silveira, apostam que, se ainda estivesse vivo, o patriarca Ângelo diria que todos esses são sabores de torta. " Para ele , o que valia mesmo eram as pizzas de mussarela, calabresa e napolitana", afirmam. Os clientes, acostumados a formar filas na porta da casa, parecem discordar.

Pizzaria do Ângelo - Pizzarias que contam a história de São Paulo - Autora Gabriela Erbetta

( créditos ao conteúdo extraído do livro em que a Pizzaria do Angelo teve a honra de fazer parte ).

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